Fim-do-Mundo

By biondi.pedro 7 anos agoNo Comments
Home  /  Textos  /  Poesia  /  Fim-do-Mundo

Poema escrito para a música instrumental homônima de Manu Maltez e publicado no disco As Neves do Kilimanjaro (2006), gravado por ele com o Grupo Cardume.

A sugestão da casa, claro, é ouvir enquanto lê!

Fim-do-Mundo

O Fim do Mundo não é quando,
É onde:

Disso os antigos já carecas, com escorbuto
E arrepio.

Começa onde dormiu a última estrela,
e onde três meninos de galochas,
cientificamente,
caçam o rosto de ser meninos…
Esquecem de algum futuro.

Sua primeira namorada é um porquinho-da-índia?
Ou já amantes de sereias?
Sereia-traíra, sereia-lambari, sereia-cascudo.

O fim-do-mundo é um bagre azul
Que leva as estrelas no bucho,
Espadana dentro da poça morna de um piano
Ronronca num contrabaixo
E estrebucha na saída do túnel de metal de um sopro.

O fim do mundo é bom:
É o fim do fim da picada
Começo de um começo
Deus se des-re-inventando
Cobra verde caçando a própria cauda
Imprópria alma
Em algum muro de alguma grande cidade.

 

O Fim do Mundo não é relato
É fato
Que acabou.

 

 

 

Categories:
  Poesia, Textos
this post was shared 0 times
 000

Leave a Reply

Your email address will not be published.