Crônicas Textos 11 de julho de 2018O sol amacia os pensamentos e dobra o jequitibá. Os meninos são guerreiros e jogadores famosos de futebol. As meninas são mãezinhas bravas e calouras da fama. O sol acalenta o motoboy e arranca uma escama do seu cavalo. Cachorros brincam de liberdade. Cheiram-se muito e qualitativamente, reconhecem as árvores e remoçam sua última passagem por ali. A mulher solta o nenê no tanque de areia: ali, tê-lo parece tão simples. Uma babá faz o mesmo. Sentar no banco de concreto e puxar conversa. Uma abelha veio vindo, se aparando da corrente, e pousou em minha calça. Provavelmente já usou o ferrão e prepara sua própria, suave, natural, morte. Olhei bastante pra ela, mas pensei pra longe… Uma ou outra mosca. As metalizadas varejeiras me lembram minha infância e o Ibirapuera. Sabiás de olhos avessados e imitadores miúdos saltitam na chapa quente dos gravetos. O vento é ingrediente. Alguém despregando uma ripa, algum barulho em volta, cantada de pneu, skate… tudo sinfônico. O sol minguante, outono de abril. Mar de grama. Se esqueci de pôr, o título é “Praça”.