Saiu o primeiro livro do Pedro.
Como assim, “do Pedro”? Que intimidade é essa?
Não tem intimidade, não. É que o Pedro foi meu aluno.
E escrevia bem desde sempre.
Do livro eu li fragmentos quando ainda não tinham forma de livro.
Não acompanhei o crescimento das crianças – nem do Pedro nem do livro.
Guardo o rosto, a voz e o jeito do autor e fragmentos do feto do livro nas retinas já cansadas, mas ainda abertas à aprendizagem de novas lentes.
Li de enfiada, numa primeira vez.
Na segunda, comendo alguns cacos. De vidro.
Há preciosidades como esta:
“VENDE-SE
Um grito”
Ou esta:
“Ai tadinho
Ai tadinho
O homem que comeu a lua
Virou vaga-lume no programa do Ratinho”
Os contos suspendem o fôlego – cuide-se, mano, depois não se recupera, não.
Fica suspenso mesmo. Os pés não voltam ao lugar. Nem precisam. Melhor flutuar.
Leia o conto que dá título ao livro. Depois deleite-se com o intertexto a “Balada do camelo vagabundo”. Entre, a casa não é sua, mas é receptiva.
Mais não digo, irmão, porque mais não há a dizer, exceto isto: compre o livro, desliga o BBB e vai ler.
Vai fazer bem pras suas lentes de ver o mundo…
Publicado originalmente no blog A Língua Lambe e Lixa em 10/02/2008
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